Posts Tagged ‘Mistérios

02
out
09

O que existia antes do Big Bang?

A teoria do Big Bang tem sido aceita nos últimos 30 anos. Mas o que existia antes da grande explosão?
Por Tiago Cordeiro

Assim que tudo começou, as coisas aconteceram muito rápido. Antes que a criação tivesse 1 segundo, surgiu a gravidade, o Universo se expandiu de uma forma inacreditavelmente rápida e surgiram as sementes que depois dariam origem às galáxias. A partir de 1 segundo da criação, e pelos 300 mil anos seguintes, os fótons dominam o espaço. Depois, começam a surgir os átomos de hélio e hidrogênio.

Elementos que formam os seres humanos, como o carbono e o oxigênio, só surgiram muito tempo depois, sintetizados no interior de estrelas moribundas. E ssim a Teoria do Big-Bang consegue explicar, com um grau de confiabilidade razoável, a infância remota do Universo. Mas antes do marco zero, o que existia quando o Universo ainda não tinha sequer omeçado?

“A resposta mais honesta é: não sabemos”, diz o físico João Steiner, professor da USP. “O big-bang deu origem a tudo, inclusive ao espaço e ao tempo. Quer dizer, antes disso existia algo que só podemos chamar de nada.” Esqueça, então, aquelas imagens que de vez em quando você vê em filmes, em que um vasto espaço escuro é preenchido por uma explosão. Não havia matéria, não havia espaço, não havia tempo, não havia nada.

A Teoria da Relatividade prevê que, nesse instante zero, a densidade teria sido infinita. Para entender essa situação, seria preciso unificar a relatividade e a mecânica quântica, coisa que ninguém ainda conseguiu fazer.

Algumas teorias não consideram que, antes do Universo, o que havia era o nada. Para o cosmologista americano Alan Guth, o Universo pré-Universo era um ambiente em que partículas de cargas opostas se anulavam o tempo todo, até que um dia uma delas desequilibrou o sistema e soltou a faísca que iniciou a cadeia de produção de tudo o que conhecemos.

Em 1969, o físico americano Charles Misner sugeriu a tese da criação a partir da desordem. Antes do nosso Universo isotrópico, em que a geometria é a mesma em todas as direções, haveria um outro mundo de caos. Uma terceira tese, defendida por muitos cientistas, é a de que o Universo é cíclico. Ele começa com um big-bang, cresce, atinge o auge, começa a diminuir, desaparece num big crunch e começa tudo de novo. Acontece que, des de 1998, sabemos que o Universo permanece se expandindo sem parar, o que comprometeria a base
dessa teoria.

Há quem diga que nosso Universo não é único. Alan Guth tem uma sugestão curiosa: logo depois do primeiro big-bang, o Universo seria composto de uma espécie de falso vácuo, cheio de bolhas recheadas de quintilhões de prótons e elétrons. Cada uma delas teria sofrido um big-bang e dado início ao respectivo Universo.

Existiria um Universo primordial, que daria origem a universos-filhos. Mas como foi que o primeiro deles surgiu? Não sabemos. “Essa hipótese apenas explica o nosso próprio Universo e joga para debaixo do tapete o que existia antes do marco zero”, diz o professor Steiner. “A verdade é que, atualmente, o big-bang é o limite seguro da ciência. Qualquer tentativa de avançar além disso é especulação.”

01
out
09

Deus existe?

Deus criou o homem à sua imagem e semelhança…. Ou foi a mente humana que criou a figura de Deus?
Por Rodrigo Cavalcante, com ilustração de Nelson Provaz

Antes de tentar responder a essa pergunta, é preciso esclarecer qual a concepção de Deus de que se está tratando. Afinal, quando a maioria dos cientistas refere-se à possível existência (ou não) de Deus, não está lidando com a tese de que o velho barbudo de poderes sobrenaturais retratado nos afrescos de Michelangelo possa um dia ser encontrado em laboratório. Tampouco, como diz o zoólogo inglês Richard Dawkins, de nada adiantaria designar por Deus uma constante física recém-descoberta que regesse o Universo. Nesse caso, como diz Dawkins, “ele não teria nada a dizer sobre ética, sobre o que é certo ou errado ou sobre qualquer outra questão moral”.

Para a ciência, a evidência mais próxima da existência de uma concepção divina é a de que Deus possa existir seria a descoberta de indícios de que o Cosmos foi
“projetado” seguindo um propósito. Ou seja: não haveria espaço para o acaso e o caos na criação do Universo e no surgimento da vida em nosso planeta. A complexidade dos sistemas biológicos ou dos fenômenos físicos indicaria que houve um projetista guiando todo esse processo.

Mas será que o fato de alguns cientistas proporem essa pergunta não faria com que eles partissem necessariamente da necessidade (reconfortante) da existência dessa ordem no Cosmos? Ou seja: a pergunta acima já não nasceria viciada do ponto de vista do método científico? Nos últimos 100 anos, pelo menos 3 formas de responder ao impasse acima foram exploradas:

A primeira, defendida por boa parte da comunidade acadêmica, é a de que a existência de Deus não é tema do método científico. Essa visão baseia-se principalmente na obra do filósofo da ciência Karl Popper, para quem a ciência só pode tratar de temas que resistam a refutações, o que ele chamou de critério de “falseabilidade”. Resumidamente, Popper defende que o papel do cientista é buscar falhas na sua teoria – e, quanto mais genérica ela for, como no caso da “existência de Deus”, menos passível ela seria de ser tratada cientificamente. Ou seja: o tema seria apenas assunto da metafísica, parte da filosofia que não trata dos fenômenos físicos.

A segunda resposta, que não necessariamente invalida a primeira, é a dos cientistas que acreditam que a espécie humana evoluiu biologicamente para acreditar em Deus, assim como para andar sobre duas pernas. Um dos maiores defensores dessa tese é o biólogo americano Edward O. Wilson, para quem a nossa predisposição para a religião seria um traço genético da nossa espécie.

Segundo ele, nossa inclinação para acreditar em um ser superior pode ser resultado do comportamento de submissão animal presente em outras espécies, como os macacos Rhesus, em que apenas um macho dominante anda de cabeça e cauda erguidas enquanto a maioria do bando mantém a cabeça e a cauda baixas em sinal de respeito ao líder – na esperança de ser protegido por ele contra um inimigo. “O dilema humano é que evoluímos geneticamente para acreditar em Deus, e não para acreditar na biologia”, diz Wilson. Teses como a de Wilson foram reforçadas por pesquisas com primatas, como a realizada com chimpanzés na Tanzânia pela britânica Jane Goodall. Ao estudar os chimpanzés, Goodall descobriu que eles agem de maneira nada usual diante de uma cachoeira, adotando um comportamento de reverência que ela chamou de senso místico.

Além das pesquisas com os primatas, os neurocientistas já sabem quais partes do cérebro são ativadas durante os estados de meditação e oração. Pesquisas como essa, contudo, não podem provar a existência ou não de Deus – mas no máximo revelar quais regiões são responsáveis pelos estados místicos associados à idéia de uma divindade.

A terceira resposta, conhecida como Teoria do Design Inteligente, defende que algumas das tarefas altamente especializadas e complexas do organismo – como a visão, o transporte celular e a coagulação – não podem ser explicadas apenas pela evolução. Essas tarefas seriam uma prova de que a vida seguira um projeto específico. Defendida pelo bioquímico Michael J. Behe, professor da Universidade Lehigh, na Pensilvânia, e autor do livro A Caixa-Preta de Darwin, a Teoria do Desenho Inteligente refuta as teses de Darwin e, por isso mesmo, tem sido considerada uma versão moderna – e mais sofisticada – do velho criacionismo bíblico, teoria pela qual o Universo e a vida foram criados de acordo com o relato do Gênese.




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