Arquivo para dezembro \18\-03:00 2009

18
dez
09

Menino Sean ficou emocionado com decisão do STF, diz avó materna

DENISE MENCHEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Com a família reunida na casa onde mora com o marido, o genro e os dois netos, a empresária Silvana Bianchi, avó de Sean, disse na quinta-feira (17) que o menino ficou “emocionado” com a decisão do STF. Segundo ela, a criança escreveu um cartaz a Lula na esperança de que o presidente poderia mantê-lo no país. “Isso partiu dele, do coração dele, da aflição dele de ser separado da irmã e da família”, afirmou por telefone.

FOLHA – Como vocês receberam a notícia da liminar do STF?
SILVANA BIANCHI – Aliviados da pressão de ontem, daquela sentença infeliz que houve ontem. Porque aquilo foi uma arbitrariedade. Finalmente vai se cumprir a Constituição.

FOLHA – Mas o plenário do Supremo ainda terá que decidir se Sean vai ser mesmo ouvido pela Justiça…
BIANCHI – Sim, mas há que se cumprir a Constituição.

FOLHA – Vocês acreditam que, se o menino for ouvido, a posição da Justiça sobre o caso pode mudar?
BIANCHI – Não sei o que acontecerá. Mas, pela primeira vez, Sean vai conseguir o que quer.

FOLHA – Como foi a espera pelo julgamento do processo no TRF e do habeas corpus no STF?
BIANCHI – A gente ficou perplexo, sem saber o que ia acontecer. Porque é difícil para desembargadores que não são de Justiça de família avaliarem uma matéria que não é da especialidade deles. É muito difícil um desembargador que julga firmas e coisas assim julgar uma coisa de direito de família. A decisão dos desembargadores, de separar dois irmãos, foi uma brutalidade. Nem na guerra se separa irmãos.

FOLHA – Quando ele pintou os cartazes?
BIANCHI – Ontem. Foi [a expressão do] desejo dele de criança. Na angústia, fez aquele desenho pedindo ao presidente que atendesse o desejo dele. Porque durante esse processo, que já dura um ano e meio, ele fala e não é ouvido. Ele diz: “Ninguém me escuta, ninguém me respeita.” Tanto que, no cantinho do desenho, colocou: “Vocês têm que me compreender”.

FOLHA – Vocês conversaram com ele sobre a sentença do TRF?
BIANCHI – Em momento nenhum desse processo nós escondemos alguma coisa do Sean. O Sean participa conosco de todas as nossas angústias, nossas alegrias. Então, ontem [anteontem], ele sabia exatamente a nossa angústia. E então, ele fez esse cartaz. Pegou uma folha grande, o lápis e disse: “Eu vou escrever uma coisa para o Lula. Ele tem que me ouvir, tem que me compreender”.

Fiquei muito emocionada quando vi. Porque isso partiu dele, do coração dele, da aflição de ser separado da irmã e da família. Porque o David Goldman é o pai biológico, mas não tem sido uma pessoa muito presente ultimamente. Isso deixa uma lacuna muito grande na parte da relação afetiva da criança.

FOLHA – E como foi a reação dele quando soube hoje que não ia precisar voltar para os Estados Unidos?
BIANCHI – Ficou muito emocionado. Antes estava muito ansioso. Imagina um menino de nove anos e meio perder toda uma relação afetiva que ele tem aqui… Ele já perdeu a mãe, e agora iria perder a irmã, que é a ligação mais próxima que tem de amor à mãe. Isso ia deixar uma lacuna enorme. Então ficou muito feliz.

18
dez
09

Saiba mais sobre a disputa diplomática pelo garoto Sean entre Brasil e EUA

da Folha Online

Desde 2004, o americano David Goldman e a família da brasileira Bruna Bianchi, morta em 2008, disputam a guarda do menino Sean, 9, que desde então vive no Brasil. O caso ganhou repercussão internacional em março deste ano, quando a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, cobrou das autoridades brasileiras a devolução do garoto para o país.

Goldman vivia com a brasileira em Nova Jersey desde 1999 –o filho nasceu em 2000. Segundo ele, em 2004, Bruna levou o menino ao Brasil de férias, mas ao chegar ao país avisou que queria o divórcio e que manteria o filho no Rio. Para o pai, o menino foi sequestrado e é mantido ilegalmente no Rio.

15.mar.2009/Reuters


Em março, manifestação pediu a permanência de Sean no Brasil, onde criança mora; pai americano diz que ele foi sequestrado.

Depois que ordem de 2004 da Justiça de Nova Jersey para devolução do garoto não foi cumprida, Goldman notificou o Departamento de Estado dos EUA. Ele também entrou com um processo no Brasil.

Entretanto, Bruna –que se casou novamente–, morreu no parto de sua filha com o segundo marido, em 2008. O padrasto, João Paulo Lins e Silva, é quem hoje detém sua guarda e assumiu a disputa judicial pela criança.

Os advogados de Lins e Silva argumentam na Justiça que não há, no caso, desrespeito à Convenção de Haia –como alega Goldman–, acordo internacional relativo à proteção de crianças e à cooperação sobre adoção. Por ter saído dos EUA acompanhado da mãe, e por ser brasileiro, não houve sequestro.

20.abr.2009/Divulgação

O pai do menino, o americano David Goldman, que disputa a guarda da criança com a família da mãe brasileira, morta em 2008
Polêmica

A cobrança do governo americano gerou polêmica entre as autoridades brasileiras e, em março deste ano, o caso chegou a ser discutido entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Barack Obama.

Na ocasião, em visita aos Estados Unidos, Lula afirmou a disputa pela guarda do garoto americano será decidida pelos tribunais do Brasil.

As declarações tanto de representantes do governo brasileiro, quanto do governo americano, foram criticadas pela mãe de Bruna –avó materna do menino–, que afirmou que o caso é uma “briga de família” e não assunto para presidentes.

18
dez
09

Julgamento de senador Raupp é novamente adiado

Mesmo com uma maioria formada no julgamento do pedido de abertura de processo contra o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), o caso foi mais uma vez adiado.

Depois do ministro Celso de Mello, último que faltava votar, aceitar a denúncia do Ministério Público, formando um placar de seis a cinco, um debate sobre o caso foi iniciado.

Ricardo Lewandowski, que ainda em 2007 havia sido favorável à abertura de processo e ontem reviu seu voto, tentou pedir vistas do processo.

Marco Aurélio Mello, por sua vez, questionou o ato.

Ponderou que, existindo uma maioria de seis ministros formada, e votos colhidos de todos os ministros, o pedido serviria somente para tentar, nos próximos dias, convencer Eros Grau a mudar de voto e impdir o aceite da denúncia.

Irritado, Lewandowski disse que, como seu pedido de vista foi colocado sob suspeita, ele o retiraria.

O relator do caso, Joaquim Barbosa, também reclamou da situação. Disse não entender um pedido de vistas quando todos já haviam votado e uma posição era vencedora.

Para evitar que o caso fosse interrompido e que o inquérito ficasse com Lewandowski, Barbosa pediu adiamento do caso para que ele, que proferiu seu voto a dois anos e oito meses, pudesse novamente analisar os autos.

Com o adiamento, o caso só deve voltar a julgamento em fevereiro do ano que vem.

Raupp foi denunciado pelo Ministério Público por crimes contra o sistema financeiro internacional.

Através do ministério do Planejamento, Raupp, então governador (1995-99), conseguiu um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird), no valor de US$ 167 milhões, para desenvolver o Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia.

Parte dos recursos, entretanto, teriam sido usados para saltar despesas diversas do Estado, o que caracterizaria transferência ilícita.

18
dez
09

as SS de Hugo Chavez – As Milícias Facistas

Fotos Carlos Balza/Archivolatino,PopperfotoGettyImages e Bettymann/Corbis/Lantinstock

O modelo Chavista(à esq.) as SS de Hitler (no alt. à dir.) e os camisas-negras de Benito: tropas de choque do ditador facista

O presidente Hugo Chávez deu um largo passo em seu projeto de implantar uma ditadura fascista na Venezuela. Na semana passada, a Assembleia Nacional, dominada por seus partidários, aprovou uma reforma da legislação sobre as Forças Armadas cujo objetivo foi equiparar as milícias de Chávez aos militares do país. Já no próximo ano, esses arruaceiros fardados terão salário fixo, armamento e poder de destruição comparáveis aos do Exército regular. A existência de uma tropa de choque à margem das instituições e diretamente ligada ao líder supremo é uma característica do fascismo. Adolf Hitler chegou a ter duas milícias distintas, cujas ações incluíam maltratar os judeus, dispersar comícios esquerdistas e empastelar jornais. Depois de assumir o poder, ele mandou destruir uma delas, a SA, por causa de desavenças dentro do partido nazista. A outra, a famigerada SS, recebeu armamento pesado e se tornou executora dos abomináveis crimes do regime. O italiano Benito Mussolini contava com os camisas-negras para torturar oposicionistas e acabar com greves. Foi marchando à frente de seus milicianos que ele chegou a Roma para tomar o poder.

Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez conta com mais de uma dúzia de grupos armados clandestinos, os “coletivos”. Todos esses bandos serão reunidos numa só organização, a milícia bolivariana. O efetivo previsto é de 1 milhão de milicianos – mas pode ser muito maior. Nos manuais do PSUV, o partido criado para apoiar Chávez, a meta é montar 200.000 pelotões, com no mínimo vinte membros em cada um, o que somaria ao menos 4 milhões de pessoas. Se a cifra mais conservadora se confirmar, as milícias seriam cinco vezes maior que o contingente das Forças Armadas, em torno de 200 000. Pela televisão, Chávez deu exemplos do armamento da milícia. A lista inclui morteiros, fuzis, lança-foguetes capazes de derrubar helicópteros e armas para franco-atiradores, de longo alcance e mira noturna. Os milicianos bolivarianos poderão ainda dirigir veículos militares e exercer funções de inteligência.

A capacidade de intimidação da nova milícia será muito superior à dos grupos atuais, que só dispõem de pistolas e bombas de gás lacrimogêneo. Em 2007, esses bandos invadiram universidades e dispararam contra os estudantes que protestavam contra o fechamento do canal RCTV. Neste ano, lançaram bombas de gás lacrimogêneo na missão do Vaticano, depredaram a sinagoga de Caracas, atacaram a sede do canal de televisão Globovisión e tomaram a prefeitura da capital, o que impediu até hoje que o prefeito oposicionista Antonio Ledezma entrasse no prédio. Ao levantar a folha de pagamento do prefeito anterior, um chavista, Ledezma descobriu que havia 8.000 funcionários sem nenhuma função. Muitos deles eram conhecidos integrantes dos grupos armados.

O coronel tem pressa. Em 2007, sua proposta de incluir as milícias na Constituição foi rejeitada nas urnas. O presidente ignorou a vontade popular e baixou um decreto no ano passado autorizando o recrutamento de milicianos. Apresentada na Assembleia, a proposta de reformar a lei foi aprovada em cinco dias. “Chávez quer se preparar para a batalha que começará com as eleições legislativas no ano que vem”, disse a VEJA a advogada venezuelana Rocío San Miguel, especialista em defesa e direito internacional. “Com a aprovação da lei, os recursos para as milícias podem entrar no orçamento de 2010”, afirma Rocío. A maioria chavista no Congresso é consequência do boicote oposicionista às eleições de 2005. Chávez não quer correr o risco de que o eleitorado possa mudar a composição do Legislativo nas eleições de dezembro de 2010. “A milícia terá uma missão absolutamente revolucionária”, diz o coronel. “Será uma força para a guerrilha urbana e para a guerrilha rural, nas montanhas.” Deve-se sempre esperar o pior de Chávez.

18
dez
09

VASCULHANDO O ORVIL

Capítulo II – Origem da ALN

Publicado do arquivo httwww.averdadesufocada.com/

Antigo militante do PCB e membro do Comitê Central, eleito sucessivamente, nos Congressos de 1954 e 1960, Carlos Marighela constituía-se num dos maiores líderes da Corrente Revolucionária, que tentava radicalizar a linha política do PCB. Sua maior influência era em São Paulo e seus correligionários diziam pertencer à “ Ala Marighela”.

Em 10 de dezembro de 1966, Marighela já havia enviado uma carta à Executiva do PCB, na qual renunciava à Comissão Executiva e declarava-se a favor de uma postura revolucionária

Convidado em caráter especial e sem pedir autorização ao Comitê Central do PCB, Marighela compareceu à I Conferência da OLAS – Organização Latino- Americana de Solidariedade, realizada em Havana em julho/agosto de 1967.Tomando Ciência de sua viagem, o PCB enviou nota ao PC de Cuba, afirmando que Marighela não estava autorizado a comparecer. Imediatamente, ainda de Havana , Marighela enviou uma carta à Comissão Executiva do PCB na qual afirmava:

“É evidente que compareci sem pedir permissão ao Comitê Central primeiro porque não tenho que pedir licença para praticar atos revolucionários, segundo porque não reconheço nenhuma autoridade revolucionária, neste Comitê Central, para determinar o que devo, ou não, fazer.”

“(… ) prosseguirei pelo caminho da luta armada, reafirmando minha atitude revolucionária (…) “

Ao retornar ao Brasil, impregnado das concepções foquistas ( teoria cubana de pequenos grupos de guerrilheiros agindo em várias partes e com certa independência) e contando com os dólares cubanos, Marighela denominou o seu grupo, a “Ala Marighela”, de Agrupamento Comunista de São Paulo – AC/SP, que iria dar origem a Ação Libertadora Nacional – ALN

Em setembro de 1967, Marighela enviou a primeira turma de militantes para fazer curso de guerrilha em Cuba, o chamado, posteriormente, I Exército da ALN.

Componentes do I Exército da ALN:

José Nonato Mendes*, Adilson Ferreira da Silva, Aton Fon Filho, Epitácio Remígio de Araújo, Hans Rudolf Jacob Menz, Otávio Ângelo e Vírgilio Gomes da Silva.

A escolha do “Partidão” ( PCB), de tomada do poder pela linha pacífica, tornou o AC/SP um pólo de atração para os grupos dissidentes que tinham feito opção da tomada do poder pela luta armada . A organização ganhou adeptos entre os dissidentes do PCB e de grupos de jovens marxistas oriundos do meio estudantil.

Em fevereiro de 1968, Marighela expunha suas diretrizes no documento “Pronunciamento do Agrupamento Comunista de São Paulo “

A guerrilha, segundo o documento seria o “embrião do Exército revolucionário”

O trabalho inicial seria nas cidades mas, o movimento para se tornar vitorioso teria de se estender ao campo para criar o apoio do núcleo armado operário e camponês.

Três seriam os princípios básicos adotados pelos revolucionários :

a- O dever de todo revolucionário é fazer a revolução;

b- Não se pede licença para praticar atos revolucionários; e

c- A organização só tem compromisso com a revolução.

Esta seria a semente de uma das organizações mais violentas que atuariam no Brasil nas décadas de 60 e 70.

Em março de 1968, seguindo suas próprias diretrizes, Marighela chefiou o assalto ao carro pagador do Banco Francês e Italiano, na avenida Santo Amaro, em São Paulo.

A partir de julho de 1968 os militantes ( I Exército da ALN) retornavam de Cuba, depois de fazer o curso de guerrilha e iniciavam , já treinados militarmente, suas ações criminosas. Marighela investia em sua organização. À mesma época , iniciava-se o envio de mais um grupo ( II Exército da ALN), que reunido em Cuba, realizaria o treinamento militar entre março e setembro de 1969.

Faziam parte do II Exército da ALN :

Agostinho Fiordelísio, Alex de Paula Xavier Pereira, Antonio Carlos Bicalho Lana, ,Antônio Espiridião Neto, Benjamin de Oliveira Torres Neto, Darcy Toshiko Miaki, Guilherme Otávio Lessin Rodrigues, Isis Dias de Oliveira, José Júlio de Araújo, José Luiz Paz Fernandes, José da Silva Tavares, Luiz Almeida de Araújo, Luiz José da Cunha, Márcio Leite Toledo, Maria Amélia de Araújo Silva, Norberto Nhering , Paulo de Tarso Celestino, Renato Leonardo Martinelli, Ricardo Apgaua Paulo Guilherme, Sérgio Ribeiro Granja, Viriato Xavier de Melo Filho, Waldemar Rodrigues de Menezes, Washington Adalberto Mastrocinque Martins, Yuri Xavier Pereira e Zelik Traj Ber.

AÇÔES DA ALN EM 1968

Já em 1968, apoiado pela chegada do primeiro grupo vindo de Cuba, Marighela liderou alguns assaltos, todos na área de São Paulo.

São da autoria do Agrupamento Comunista de São Paulo -AC/SP As seguintes ações:

– Assalto ao Banco Comércio e Indústria, Av. São Gabriel, 191:

– Assalto à Agência Bradesco da Alameda Barros com avenida Angélica;

– Assalto ao trem pagador da Estrada de Ferro Santos – Jundiaí;

– Assalto ao carro pagador da Massey Ferguson, Alto de Pinheiros ;

– Assalto à casa de um colecionador de armas, Alameda Ribeirão Preto;

– Atentado contra um carro pertencente a um elemento do Dops de São Paulo, Avenida Marginal;

– Atentado a bomba contra a casa de um diretor da Contel.

– Assalto `a Indústria Rochester de Armas e Explosivos, em Mogi das Cruzes.

Esta última ação foi a mais audaciosa desse período, onde cerca de trinta militantes , em treze carros, levaram 23 caixas de dinamite, 21 bananas de gelatina explosiva e 4 sacos de clorato de potássio.

– Em 12 de outubro de 1968, prosseguindo a escalada de violência , foi assassinado em São Paulo, o Capitão do Exército dos Estados Unidos Charles Rodney Chandler, por Marco Antônio Brás de Carvalho ( Marquito) , homem de confiança de Marighela, juntamente com outros elementos da VPR .

As ações do AC/SP, em 1968, limitaram-se a São Paulo e renderam mais de 530mil cruzeiros novos, além de terem acrescentado armas e explosivos ao arsenal da organização.

Participaram dessas ações os seguintes militantes:

Aton Fon Filho, Manoel Cyrilo de Oliveira, Denison Luiz de Oliveira, Josef Alprim Filho ,Miguel Nakamura, Francisco Gomes da Silva, Ayrton Medeiros Caldeville, Maria Aparecida da Costa, João Leonardo da Silva Rocha, Takao Amano, Ney da Costa Falcão, Vinicius Medeiros Caldeville, Carlos Henrique Knapp, Eliane Toscano Samikhowski, Boanerges de Souza Massa, Itobi Alves de Correia Júnior, Caio Venâncio Martins, Ana de Cerqueira Cesar Corbisier Mateus, Carlos Marighela, Marco Antônio Brás de Carvalho, Arno Press, Virgílio Gomes da Silva, Sérgio Roberto Correia, João Carlos Cavalcanti Reis, Aylton Adalberto Mortati, Celso Antunes Horta, Carlos Eduardo Pires Fleury e Lauriberto José Reyes.

Lucas Figueiredo, como pode um homem com a experiência de José Nonato Mendes*, escolhido para fazer curso em Cuba, contratar um caseiro desconhecido, do qual não sabia nem o estado de origem, para tomar conta de um sítio onde os militantes de organizações, como a ALN e a VPR, íam treinar tiro, explodir bombas e esconder armas?

18
dez
09

PESQUISAS E OS DADOS DA LÓGICA

Leitor, muito cuidado para não perder detalhes. No texto que segue, há também uma espécie de roteiro sobre como ler a realidade política. Acompanhem.

Os astrólogos consultam o desenho do céu para antever ocorrências; outros lêem cartas; alguns jogam búzios, há quem consiga ver a verdade até na borra do café — todas essas sabedorias são milenares. Consigo antever o mundo com razoável dose de acerto jogando apenas os dados da lógica. E o que eles me dizem? Que a decisão de Aécio Neves, de retirar a sua pré-candidatura, poderia ser bastante positiva para Serra — e, em si, é mesmo —, mas também será usada como peça da oposição numa espécie de inferno lógico em que ele vai entrar — ou melhor: em que será posto. É isto: astrólogos prevêem inferno astral. Eu prevejo “Inferno Lógico”. Por quê?

Vocês já sabem que o Vox Populi, instituto mineiro, deve divulgar uma pesquisa no fim de semana — provavelmente, numa revista semanal. Os pesquisadores foram a campo já no dia seguinte à exibição do programa do PT na TV. Não sei quando devem ter terminado o levantamento, mas é bem possível que tenha se estendido, sei lá, até terça ou quarta-feira. Consulto o arquivo e noto que a última pesquisa do Datafolha foi publicada no dia 17 de agosto — quatro meses ontem. O mês e o ano estão no fim. Se o Datafolha já não tem pronta uma pesquisa, está nos finalmentes. Domingo é dia 20. Depois é semana de Natal, e aí já será 2010. Se o Datafolha não publicar os seus números no domingo, publicará quando? É tudo muito elementar.

Os institutos saíram a campo com o programa político do PT fresquinho na memória dos eleitores. Especialistas sabem que isso sempre interfere nos resultados. Mais: as pesquisas são feitas em meio a uma série de enchentes que atingem São Paulo — com o esforço concentrado de setores políticos e da imprensa (do subjornalismo, então, nem se diga) — para atribuir a responsabilidade primeiro a Kassab e depois a Serra. Assim, leitores, há aí um dado de circunstância, que vai se somar a outro que é da natureza do processo.

A circunstância
Este escriba duvida, jogando apenas os dados da lógica, que esses fatores não interfiram na pesquisas. Um concorre para dar pontos a Dilma, outro concorre para tirar pontos de Serra. E, creio é o que vai acontecer.

A natureza do processo
Dilma tem aparecido nas pesquisas na faixa dos 17%, menos da metade do que é atribuído a Serra. Trata-se de UM NÚMERO IMPOSSÍVEL DE SUSTENTAR!!! Ela tem de subir, não é possível! Com ou sem programa político. Olhem que não sou daquela igreja, como sabem, mas não a considero uma candidata tão ruim — pensando os dados da equação, sem juízo de valor — para ter tão pouco. Ou alguém imagina que o tucano manterá indefinidamente esse latifúndio de vantagem? Assim, creio, no domingo, os petistas podem estar soltando rojões, TENDO ALGO MAIS A COMEMORAR ALÉM DAS ENCHENTES. Sim, eles estão comemorando!!! Agora vamos ligar essas minhas antevisões com os eventos desta quinta-feira.

Os eventos da quinta
O governador Aécio Neves anunciou que a retirada de sua pré-candidatura, mas se disse disposto a atender ao chamamento do partido para tarefas em seu estado e no país. Pois bem. Cumprindo-se as antevisões de meus dados lógicos, alguém se lembrará de especular se a eventual diminuição da diferença entre Serra e Dilma — que é fatal que aconteça — não poderia levar o governador de São Paulo a desistir, o que implicaria que talvez Aécio deva voltar ao jogo etc. Se a primeira parte do que me indicam os dados da lógica se cumprir, a segunda parte vem como conseqüência necessária. E assim vão se construindo as realidades e as leituras políticas.

Dilma não é uma candidata tão ruim que encerre o ano com menos da metade dos votos de seu principal oponente. Não é próprio do jogo. Só para que se faça uma comparação: em dezembro de 2005, Serra tinha 36% das intenções de voto, e Lula 29%. O candidato acabou sendo Alckmin, que, àquela altura, tinha 22%, contra 30% do petista. Rachado, o PSDB fez bobagens em penca. Deu no que deu.

Vai se unir agora?

18
dez
09

DE TONTOS E VIGARISTAS — HOJE E EM 2005. OU: É GRAMSCI, IDIOTA!

Mais de uma vez já falei sobre o teórico comunista italiano Antônio Gramsci. Seu conceito de “hegemonia” está na raiz de tudo o que se vê na esquerda contemporânea — notem que não empreguei o adjetivo “moderna” porque a palavra costuma estar associada a uma idéia de valor positivo. Nesse sentido, ou se é moderno ou se é de esquerda. Adiante.

Gramsci desenvolveu o conceito de “hegemonia”: um partido — na verdade, “o” partido, que ele chamava de “Moderno Príncipe” — tem de fazer a guerra de valores na sociedade que quer transformar. Mais do que transformar: na sociedade que pretende subjugar e, na prática, substituir. O autor não propõe as coisas nesses termos, é claro, porque ele faz a sua construção totalitária parecer um avanço humanista — como todo totalitário. E essa guerra implica tornar seus valores influentes, de modo que, com o passar do tempo, os indivíduos não consigam mais pensar fora dos seus parâmetros, fora de suas necessidades, fora de suas formulações. O “Moderno Príncipe” torna-se, assim, um “imperativo categórico”.

E como se opera essa guerra? Como toda guerra: por meio de soldados. Só que, nesse caso, são os soldados da ideologia. Numa primeira fase, o trabalho fica mesmo a cargo da militância. À medida que a hegemonia vai se estabelecendo, mesmo os que não estão a serviço da causa se tornam seus vogais. Porque, como está dito, já não se consegue pensar fora daquela metafísica influente.

Peguem os jornais de hoje: fica-se com a impressão de que aconteceu uma grande tragédia na pré-candidatura de José Serra: afinal, Aécio desistiu! Parece um delírio coletivo. Sim, há os militantes do governismo, que sabem muito bem o nome do que praticam. Mas também há os que são simplesmente tontos. Em alguns casos, chega-se ao acinte — e nem estou muito certo do que seja algo deliberado. QUEM ESTÁ PAUTANDO A REPERCUSSÃO DO FATO, DO COMEÇO AO FIM, É O PT.

Até a tese estúpida de que o Palácio ficou satisfeito porque considerava Aécio um candidato mais difícil foi ressuscitada. ESTA MESMA VERSÃO, POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, FOI VENDIDA À IMPRENSA EM 2005, só que Geraldo Alckmin substituía Aécio. E MUITOS BOBOS E BOBAS A COMPRARAM. Não vou citar nomes por gentileza. Mas a Internet está aí. Pesquisem. Havia tanto sentido na plantação do governo, que o resultado foi este (sempre com números do Datafolha):

Dezembro de 2005 — pela primeira vez, Serra ficava à frente de Lula, com 36% das intenções de voto, contra 29%. Alckmin aparecia com 22%, e Lula com 36%
FATO – Serra era alvo de intenso bombardeio dentro do próprio PSDB.
Fevereiro de 2006 – Serra aparecia com 34%, e Lula com 33%. Alckmin aparecia com 20%, e Lula com 36%
FATO – Alguns tucanos e boa parte da imprensa, pautada pelo PT, os mesmos de agora, diziam que o Planalto temia mais Alckmin do que Serra. O bombardeio continuava. Serra desiste.
Março de 2006 — Alckmin aparecia com 23%, e Lula com 42%.
Maio de 2006 — Lula chegou a 45%, e Alckmin ficou com 22%.

De súbito, os manés do “potencial de crescimento” e do “temer mais quem tem menos votos” desapareceram, sumiram, escafederam-se. Não! Não estou dizendo que Serra teria vencido se tivesse sido o candidato. Estou dizendo que a tese era, como é, furada, mentirosa, vigarista mesmo. Não obstante, é comprada com a desfaçatez dos abduzidos.

A situação é de tal sorte absurda que se deu mais atenção à versão do PT para a desistência de Aécio do que à do próprio governador de Minas. Um trecho essencial de sua carta, que fala sobre a tentativa de dividir o país — publiquei a íntegra ontem, vejam lá — foi ignorada.

PERGUNTA – E que cenário, então, poderia ser positivo para Serra? Existirá algum? O PT, naturalmente, diz que não. Mais: elogiando Aécio Neves, deixa claro esperar, do modo indecoroso que tão bem os caracteriza, que ele traia Serra — e fazem, assim, o que seria, então, o elogio da traição. Escrevi aqui outra dia e reitero: quando a imprensa decide ser ruim, nada é tão ruim no seu próprio gênero como ela no dela.

Por Reinaldo Azevedo(Veja online)

18
dez
09

PT vibra, e PSDB busca solução para a chapa

deu em o globo

Votos de Minas fazem tucanos insistirem na proposta de uma dupla Serra-Aécio; petistas comemoram polarização

De Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti:

Ao anunciar sua decisão de não disputar mais a sucessão presidencial de 2010, o governador de Minas, Aécio Neves, causou surpresas em setores da oposição e comemorações quase generalizadas entre governistas. Preocupados com a possibilidade de que a saída de Aécio tire do PSDB os votos dos eleitores mineiros, aliados do governador José Serra (SP) começaram a pregar ontem a ideia da chapa puro-sangue. Eles deverão intensificar a pressão nos próximos dias para que o mineiro aceite ser vice na chapa.

Já os petistas vislumbram a possibilidade de a candidata Dilma Rousseff ampliar suas alianças partidárias e crescer em Minas.

— A decisão de Aécio abre um grande espaço para a nossa campanha em Minas, além de ampliar nosso potencial de aliança em favor da ministra Dilma. Com o Serra candidato, a campanha agora fica com a cara do PSDB e do governo de Fernando Henrique Cardoso. E tudo que queremos é comparar o nosso governo com o dele, e mostrar que fomos muita mais competentes — comemorou o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP).

Para o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), os petistas deveriam conter esse otimismo. Ele acredita que o gesto de Aécio o transforma no principal articulador da campanha de Serra:

— Falta o Mercadante dizer isso para os 40% dos brasileiros que apoiam Serra e os 40% que rejeitam o nome de Dilma.

18
dez
09

Os fatores que pesaram

deu em o globo

Para especialistas, até distância do PMDB contou na decisão

Cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO disseram acreditar que o governador Aécio Neves desistiu de concorrer à Presidência porque se viu diante de pelo menos três obstáculos. Além de patinar nas pesquisas entre os menos cotados para suceder ao presidente Lula, Aécio não encontrou apoio dentro da legenda e ainda perdeu a chance de se aproximar do PMDB — considerado seu plano B — depois que o governo federal saiu em defesa do partido em meio ao escândalo que envolvia o senador José Sarney, nos últimos meses.

— A decisão do Aécio de desistir da corrida não passa de um segredo de polichinelo. As pesquisas mostravam que a viabilidade dele era pequena — avalia o cientista político Marco Antonio Villa, para quem o mineiro sustentou sua decisão em cima da falta de apoio em favor de seu nome dentro do próprio PSDB:

— Soma à falta de apoio o fato de ele (Aécio) ter construído sua carreira, embora de êxito, com um foco muito regional.

Para o professor de Ética e Filosofia da Unicamp Roberto Romano, Aécio ainda foi “vítima” de uma estratégia do governo federal, que cooptou o PMDB para além da base aliada, com vistas para a eleição de 2010.

— O Aécio teve um instante de lucidez quando percebeu que, efetivamente, tanto ele como o PSDB perderiam se forçasse seu nome. A decisão é tardia, ainda mais porque o Lula já passeia com a Dilma há um ano.

18
dez
09

Delicado desequilíbrio

artigo

Faltam dez meses para as eleições que ocorrerão em outubro de 2010 e a política inicia sua fase de tensão pré-eleitoral, motivada pela incerteza de quem chegará ao poder.

No jogo de alianças e coligações, todo e qualquer comentário mal colocado pode deflagrar reações emocionais, mágoas irreparáveis e críticas azedas.

A declaração feita por Lula de que o PMDB deveria indicar três alternativas de candidato a vice-presidente irritou a cúpula do partido.

Dilma Rousseff escolheria o nome de sua preferência para formar a chapa governista. O comentário originou uma tempestade hormonal em um quadro já delicado.

O PMDB, partido que tem a maior bancada do Senado e da Câmara, rebateu que tal procedimento deveria ter reciprocidade: uma lista tríplice de nomes do PT para encabeçar a chapa.

Uma aliança entre dois partidos com disposição para compor uma chapa presidencial não pode surgir com interferência na escolha do outro.

São as negociações de bastidores que resultam em um nome consensual.

Isso porque a política brasileira funciona em duas dimensões: uma pública, na imprensa, por vezes contaminada pela transmissão de informações e por recados que são dados; e outra reservada, das negociações de bastidores.

O político excepcional é aquele que se sai bem nas duas dimensões. Lula pode ter dito o que não deveria.

Como disse Michel Temer: “Não foi uma fala feliz”.

Ao mesmo tempo, devemos interpretar que pode ter havido uma real intenção: a de dizer que a escolha tem que ser de consenso.

Para o PT, pelo andar da caravana, Michel Temer é o predestinado, principalmente por ser o comandante do PMDB da Câmara.

Resta saber se Renan Calheiros e José Sarney estão no mesmo barco. E, ainda, se Orestes Quércia, já apalavrado com José Serra, vai apoiar Temer.

O governo precisa contornar essa situação.

É arriscado ter o presidente da Câmara na vice da chapa encabeça por Dilma e o PMDB de São Paulo apoiar o governador José Serra.

Além disso, a reeleição de Quércia à presidência do PMDB paulista transformou-se em um ato de repúdio às declarações de Lula.

Os peemedebistas ameaçaram lançar candidato próprio ao Palácio ou mesmo apoiar o candidato tucano.

Em acréscimo, existem especulações e disse-me-disse que Temer poderia ser exposto a notícias negativas.

Rapidamente, Temer mandou ofício à Polícia Federal para saber o que de real existe contra ele.

Foi uma medida acertada.

Voltando ao tema central, a relação entre o PT e o PMDB sempre viveu em um estado de delicado desequilíbrio.

Nas próximas semanas, devem ocorrer movimentos destinados a restabelecer o diálogo.

No entanto, fica a questão: como ter um vice do PMDB se o seu diretório estadual tomar outra direção? É um desafio que tem que ser resolvido quando os ânimos se acalmarem.

Os tempos de Natal podem esfriar o clima exaltado da política. Porém, o ano de 2010 chegará com outras reflexões e eventuais surpresas a serem enfrentadas.

Uma delas é o fato de que o PMDB é, sem dúvida, um parceiro atraente e com a melhor estrutura partidária disponível. O partido tem vasto tempo de televisão e a força do Congresso, apesar da visível divisão da legenda.

Por outro lado, uma dobradinha Dilma-Ciro pode ser eleitoralmente ainda mais interessante para o eleitor, por agregar um nome com sólido desempenho nas pesquisas e pelo fato de ser do Nordeste.

O PSB tem uma imagem leve e se mistura melhor com o PT.

Cada parceria tem vantagens e desvantagens. Assim como é um casamento. E, de tal forma, deve ser muito bem pensado.

Enquanto os petistas buscam o melhor acordo para Dilma, o tempo vai passando e o ritmo das decisões deve se acelerar a partir de janeiro.

Cientista político e jornalista, Murillo de Aragão, mestre em Ciência Política e doutor em Sociologia pela UnB, é presidente da Arko Advice Pesquisas.




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