Arquivo para 12 de outubro de 2009

12
out
09

Dilma faz campanha em procissão, ouve governadora ser chamada de “safada” e que “sua hora vai chegar”

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Por Angela Lacerda, no Estadão.

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, aproveitou ontem a procissão do Círio de Nazaré, que reuniu 2 milhões de pessoas, em Belém, para fazer propaganda da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao ver que o tema tinha receptividade, a pré-candidata à Presidência passou a falar de um dos principais programas sociais, o Minha Casa, Minha Vida.

“Fico muito satisfeita com o fato de termos feito o programa Minha Casa, Minha Vida, porque é visível aqui a importância que as pessoas atribuem à casa, como o local fundamental para qualquer pessoa ter segurança, criar seus filhos, desenvolver suas relações afetivas, enfim, ter um teto para desfrutar todos os momentos da vida – os bons e os ruins”, declarou.

Dilma lembrou que a meta do programa é entregar 1 milhão de casas para famílias com renda de até 10 salários mínimos. Juntamente com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida deverá ser um dos projetos mais explorados pela ministra na disputa eleitoral de 2010.

Ao assistir à manifestação religiosa em Belém, que considerou uma das maiores do mundo, Dilma disse ter ficado impressionada com o fato de muita gente levar miniaturas de casas e tijolos. “Perguntei a duas pessoas que carregavam as miniaturas se era por agradecimento ou pedido. Uma respondeu que era por agradecimento, outra por promessa para conseguir uma casa.”

No palanque do governo estadual, montado em um órgão público no percurso da procissão, Dilma presenciou um protesto contra a governadora Ana Julia Carepa (PT). Os manifestantes cobraram do governo do Estado “saúde” e “segurança” e chamaram a governadora de “safada”. Logo em seguida, o mesmo grupo gritou: “Dilma/pode esperar/a sua hora vai chegar.”

Os manifestantes integravam o numeroso grupamento de pessoas que, com grande esforço, acompanha o Círio de Nazaré segurando uma corda de 800 metros de comprimento – outra tradição da cerimônia, que ocorre há 217 anos. Descalços, eles disputam o lugar na corda. Muitos desmaiam durante a procissão.

12
out
09

Dilma, aliada de Sarney, pede cautela

Na Folha:
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmou ontem em Belém (PA) que é preciso ter “cautela” em relação à revelação feita pela Folha de que o executivo Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP), interferia na agenda do ministro Edison Lobão (Minas e Energia).
“Acho que cautela e caldo de galinha não fazem mal para ninguém”, disse. “Porque no Brasil nós temos o hábito de pegar uma denúncia qualquer e sair condenando. Acho que tem que ouvir as partes, ouvir as explicações antes de a gente sair por aí condenando”, completou.
A ministra ressaltou, porém, que, por causa dos compromissos em Belém, não havia tido tempo de ler a reportagem.
Escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça pela Polícia Federal mostram Fernando Sarney e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, ligado aos Sarney, marcando reuniões e orientando Lobão sobre o que dizer a empresários.

12
out
09

Oposição cobra apuração de ingerência da Família Sarney em ministério que cuida do pré-sal

Na Folha:
A revelação feita pela Folha de que o executivo Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney, e o apadrinhado do clã maranhense Silas Rondeau interferem com desenvoltura na agenda do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) fez a oposição cobrar uma apuração da Polícia Federal e do Ministério Público para saber se o titular da pasta não cometeu crime.
Do ponto ponto de vista administrativo, dizem os parlamentares ouvidos pela reportagem, deve-se observar se Lobão eventualmente ultrapassou os limites de conduta ética que deve observar no exercício do cargo, uma análise que deverá ser feita pela Comissão de Ética da Alta Administração Federal.
“Se há corruptores, há corruptos. Sem a participação de um servidor esse é um círculo que não se completa. Trata-se de um esquema que funciona necessariamente em duas pontas, o que deve ser investigado em qualquer esfera do governo”, afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
Segundo o tucano, a investigação “neste caso é ainda mais urgente, porque estamos falando do ministério do pré-sal, que é uma riqueza que o governo superdimensiona. Portanto tem que superdimensionar a vigilância também”.
De acordo com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), Lobão “deverá responder pelo crime de responsabilidade, na condição de ministro de Estado. Na esfera administrativa, como está licenciado do Senado [tem mandato eletivo pelo PMDB do Maranhão], deverá se submeter à Comissão de Ética do Executivo”.
A próxima reunião da comissão, que pode atuar por meio de ofício ou por representação, é no final deste mês. Em regra, as notícias com esse perfil são analisadas pelo grupo, de sete membros, que decide, sob sigilo, se cabe ou não abertura de processo para avaliar a conduta do servidor em questão.

12
out
09

Vai pra casa, Ciro!

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O que mais causaria incômodo a Lula? O candidato do PSDB a presidente se eleger direto no primeiro turno da eleição? Ou ele ser obrigado a apoiar o deputado Ciro Gomes (PSB) no segundo turno?

Se for o caso, Lula prefere perder a eleição com Dilma Rousseff do que ganhá-la com Ciro. Dilma foi escolha dele. Ciro tenta se impor à sua revelia.

Nenhum chefe político gosta de ser contrariado. Chefes em geral não gostam.

Lula desenhou a sucessão dele com régua e compasso. Mesmo assim deu errada aquela jogada do terceiro mandato consecutivo. Não convenceu nem seus aliados mais fiéis. Então ele inventou Dilma, sem passado dentro do PT, sem a mínima experiência eleitoral.

Se ela não emplacasse, quem sabe o terceiro mandato não ganharia as ruas e acabaria aprovado pelo Congresso?

Por ora, Dilma de fato não emplacou. Mas a crise financeira internacional sepultou o sonho do terceiro mandato.

Foi um vacilo de Lula concordar com o desejo de Ciro de se testar como candidato. Ciro logo passou Dilma nas pesquisas de intenção de voto.

Lula está sinceramente convencido de que a comparação dos resultados do seu governo com os resultados do governo de Fernando Henrique servirá de combustível para incendiar a candidatura de Dilma.

E que sua presença na campanha ao lado dela dizendo a todo instante “Minha candidata é Dilma”, derrotará José Serra sozinho ou na companhia de Aécio Neves como vice.

Quem quiser pode vir que Lula está fervendo.

Marina Santos, candidata do PV? Lula não aposta um tostão furado na candidatura dela. Descarta que ela possa crescer o suficiente para provocar um segundo turno entre Dilma e Serra.

Uma eleição plebiscitária, tal como ele a concebe, se esgotará no primeiro turno. Se Dilma perder… Foi ela que perdeu. Lula terá feito tudo para elegê-la. E, pensando bem, Serra não será tão mal para ele.

O que não dá, não dá mesmo, é Ciro bater Dilma no primeiro turno e se classificar para concorrer com Serra no segundo. O mito Lula sairia afetado.

O cara não teria demonstrado força sequer para garantir Dilma no segundo turno. Ouviria: cadê o poderoso cabo eleitoral ambicionado por 10 entre 10 candidatos às próximas eleições? Cadê? O gato comeu.

De resto, Ciro é imprevisível. Lula não confia nele. Um bocado de gente não confia. Vez por outro banca o insensato. É temperamental. E dado a rompantes.

O que não murmuraria o PT, hein?

Sim, porque diante de Lula só resta ao PT murmurar. Estrilar? Não. Espernear? Esqueça. Revoltar-se? Jamais! Mas o que murmuraria o PT?

Forçado a ir com Dilma, o PT ainda se veria na humilhante situação de ter que sair gritando por aí no segundo turno: “Ei, ei, ei, Ciro é nosso rei”. Logo o PT que não engole Ciro em São Paulo nem banhado a ouro. Salvo se Lula quiser, é claro.

Divirta-se Ciro enquanto puder como aspirante à vaga de Lula. O seu próprio partido, o PSB, prefere tê-lo como candidato à vaga de Serra.

Ciro piscou primeiro e cometeu a bobagem de transferir seu título de eleitor para São Paulo. Queria agradar a Lula. Sabujo! Mesmo que perca, ajudará a eleger deputados do partido.

Para presidente, o PSB espera o momento certo de anunciar que é Dilma desde garotinho.

PDT e PC do B estão com Dilma.

Com Ciro só tem ele e quase 18% do eleitorado.

Se o eleitor não encontrar o nome de Ciro na célula votará em outro.

Por aqui, eleitor só serve para votar. Para escolher candidato, não. Os caciques escolhem por ele.

Essa é a democracia que temos. Ou melhor: o regime político que temos, qualificado de democrático. Está longe de ser.

12
out
09

Pra boi dormir

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Deu em O Globo
De Raul Velloso:

Passados 20 anos da promulgação da Constituição de 1988, o governo conseguiu um feito impressionante. Pôs em prática um modelo de sustentação e expansão da demanda de consumo de um grupo gigantesco que, com base em dados de 2005, pode ser estimado em cerca de 40 milhões de pessoas, sem contar seus dependentes.

No ano passado, o total dos pagamentos diretos a essas pessoas alcançou a cifra chocante de R$ 378 bilhões, nada menos do que 2/3 do Orçamento federal.

Em comparação com 1987, esses pagamentos cresceram 72% acima da inflação e pelo menos 6% acima do PIB, implicando forte queda da poupança nacional.

Trata-se dos itens Previdência, pessoal e assistência social, exatamente os de maior peso individual nos pagamentos da União.

Se agregarmos a esses itens os desembolsos com saúde e as demais despesas correntes, chegaremos a um orçamento de gastos correntes provavelmente sem similar no exterior, cujo total se situa em pelo menos 83% do orçamento não financeiro da União.

Desse, aliás, apenas 5% se referem a investimentos, enquanto os restantes 12% correspondem ao pagamento de parcela do serviço da dívida.

Para gerir os rendimentos dessa massa, o governo toma basicamente quatro decisões ao longo do ano, todas alvo de muita discussão no Congresso e na mídia, por razões óbvias: reajustes do salário mínimo, dos benefícios do INSS acima de um salário mínimo, do valor individual do Bolsa-Família e dos servidores públicos.

Em resumo, o Orçamento federal virou uma impressionante “folha de pagamento”, e ainda assim isso não o exime de críticas. Há dúvidas sobre o grau de proteção efetiva conferido aos segmentos mais pobres da população, pagam-se salários de servidores bem acima do setor privado em funções similares.

Existe óbvio inchaço da máquina pública. Constata-se também um baixo grau contributivo na Previdência. Do total de gastos do INSS, por exemplo, apenas 1/3 se refere a benefícios cobertos com contribuições dos potenciais beneficiários, caindo o resto no “colo da viúva”.

Priorizar esse manto de proteção implicou, dentro do esforço de ajuste fiscal posto em prática nos últimos anos para equacionar o risco de insolvência pública, a imposição de uma carga excessiva de impostos e o completo abandono dos investimentos públicos, especialmente em infraestrutura de transportes.

Mais recentemente, ficou claro que, passado pouco tempo, a incidência de gastos públicos e privados crescendo forte e simultaneamente produz excesso de demanda sobre a produção interna, diante da precária herança de capacidade de produção, após tantos anos de investimentos pífios.

Isso ocorre mesmo em fases de cenário externo muito favorável, como o período 2002-2008, em que as taxas de câmbio e de juros caem sistematicamente, viabilizando a expansão do consumo e, especialmente, do investimento privado.

Daí para as pressões inflacionárias e sobre as contas externas é um passo, exigindo subida da taxa Selic e a interrupção do processo de investimento e crescimento contínuo da economia.

Na verdade, além de conferir primazia à ação anticíclica a cargo do Banco Central, o governo poderia ter aproveitado a crise atual para fazer ajustes no modelo de expansão dos gastos correntes. E, caso tivesse mesmo de aumentar o gasto, o certo seria deslanchar um programa de investimentos em infraestrutura e suspender qualquer aumento de pagamento individual sob os itens antes referidos.

E porque os investimentos respondem muito lentamente em vista de vários entraves hoje existentes, qualquer aumento de gasto corrente teria de ser feito sob a forma de abono, para que esse dispêndio adicional pudesse ser retirado à medida que se acumulassem novas pressões inflacionárias.

Assim, a construção desse gigantesco manto de proteção orçamentária a certos segmentos da sociedade está impedindo o crescimento sustentável do País e nos impôs uma grande armadilha.

De forma análoga ao que ocorre com o combate à inflação, continuar defendendo a ampliação do manto de proteção já não rende tantos dividendos políticos; mas retirar as vantagens já concedidas pode impor custos elevados.

Aqui, são tantos os eleitores beneficiados por pagamentos diretos do Orçamento que os políticos de visão limitada só enxergam uma rota – manter para sempre as pessoas nos feudos já conquistados e promover maiores aumentos reais de benefícios e salários.

Curiosamente, o Executivo federal, que deveria procurar atenuar esse dilema (pois está na posição de percebê-lo com maior clareza), promete, ao contrário, uma nova lei de consolidação de vantagens (uma “CLT social”), cristalizando-o cada vez mais.

Em vez de buscar uma mera consolidação via lei, a receita para garantir verdadeiramente os ganhos sociais, deveria primeiro investir, para só depois consolidar.

Só que mobilizar os vultosos recursos públicos exigidos pelos investimentos mais urgentes, incluindo os requeridos pelos megaeventos esportivos à frente, sem mexer nesse modelo ou causar inflação (alternativamente, queda no crescimento do PIB) é conversa pra boi dormir.

Raul Velloso é consultor econômico

12
out
09

Em missa, Serra pede ‘governantes íntegros’ para o povo

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De Soraya Aggege, de O Globo:

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), discursou nesta segund-afeira para 43 mil fiéis no Santuário Nacional de Aparecida, e aproveitou para dizer que o país precisa de governantes íntegros, que sirvam ao povo, em vez de se servirem da população.

Depois da missa, Serra afirmou que não pretendia usar o evento para mandar recados a ninguém e que sua afirmação se tratou apenas de uma reflexão no Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

– O Brasil precisa de governantes que sejam íntegros, que sirvam ao povo, em vez de se servirem do povo; e que tenham como preocupação central abrir oportunidades a nossas famílias: oportunidades de trabalho, de cultura, em um ambiente de espiritualidade fraterna. Assim é possível garantir um futuro de amor, de paz, que permita ao nosso país se encontrar dentro da justiça e da solidariedade – discursou Serra.




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